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22 de abr. de 2010

Jornalista: a profissional do poder e do luxo (?)

          São muitos os veículos de mídia de entretenimento (filmes, novelas, séries, livros, etc.) que tem como personagens jornalistas mulheres. E em boa parte dos casos, não são jornalistas “comuns”, elas são glamourosas, figuras femininas que tem trabalhos similares ao de agentes secretos, são estilosas, poderosas, ambiciosas, batalhadoras, sexys e cheias de sapatos e roupas luxuosos... Quisera eu como estudante de jornalismo, assim como as outras autoras do Polyanas, ter um futuro na profissão desse modo, em alguns aspectos apenas.
          Segue uma lista de alguns filmes e séries que envolvem personagens assim.
Observação: Pode conter spoiler!
No seriado e filme Sex and the City, a jornalista Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker), escreve uma coluna (que tem o mesmo nome da série) para um jornal local de New York City e cada episódio gira em torno do tema da sua coluna. Com o seu salário de jornalista, Carrie, que é viciada em moda, consegue se vestir com as roupas das lojas mais luxuosas do momento, tem uma coleção enorme de pares de sapato e alguns de seus passatempos são comprar e montar looks ideais. Apesar de gastar boa parte dos seus rendimentos em compras, Bradshaw tem orgulho do apartamento de um quarto que ela adquiriu em Upper East Side, onde mora. Além disso, a repórter tem uma agitada vida amorosa (assim como suas melhores amigas) e consegue fazer tudo o que precisa do seu trabalho e vida pessoal com muito estilo e glamour.
No recente filme Caçador de Recompensas, Nicole Hurly (Jennifer Aniston) é uma jornalista aficionada por seu trabalho que está sempre colocando de lado sua vida pessoal em prol da entrega de uma matéria, fato que teria colaborado para o seu divórcio de Milo Boyd (Gerard Butler). No filme, ela descobre que um suicídio, na verdade, foi um assassinato. Se envolvendo com gente perigosa e passando apuros, no fim Nic consegue entregar sua matéria inédita. E tudo isso, Nicole Hurly fez de salto alto, sexy, com classe e com pretendentes a seus pés.
Josie Geller (Drew Barrymore), no filme Nunca Fui Beijada, é uma das editoras do Chicado Sun Times, mesmo tendo apenas 25 anos. Seu chefe lhe dá a missão de se disfarçar de aluna para escrever uma matéria sobre o que acontece no meio jovem estudantil. Josie, então, volta para sua própria escola de segundo grau, onde era bastante impopular, buscando descobrir alguma grande história entre os adolescentes. Esse trabalho lhe dá a chance de reviver o colegial e Josie, que nunca viveu um romance, supera todas as barreiras, dá seu primeiro beijo e faz uma matéria que marca sua carreira.
No longa, De Repente 30, Jenna Rink (Jennifer Garner) se torna editora da revista Poise. Na trama, a jornalista tem uma vida badalada, um namorado esportista famoso, ganha bem e consegue, com o atributo da lealdade ou não, se dar bem e se safar mesmo fazendo coisas erradas. A história gira em torno de um pedido de aniversário em que Jenna, aos 13 anos, pede para ter 30 anos (a idade do sucesso). Ao ter seu pedido realizado, Jenna adolescente vive sua vida de adulta e ao perceber erros que cometeu em sua vida, ela tenta concertar tudo quando consegue voltar à adolescência.
Como Perder um Homem em 10 Dias também é um dos filmes com jornalista na trama. Andie Anderson (Kate Hudson) escreve uma coluna, em primeira pessoa e com experiências reais, para uma grande revista feminina (a Compusore). O tema da matéria de Andie dessa vez é “como perder um homem em 10 dias” em que ela escolherá um homem (ou uma vítima) para começar um caso e terminá-lo em 10 dias (fazendo coisas bobas, mas extremamente irritantes em um relacionamento). Só o que Andie não esperava era se apaixonar pelo homem cobaia de sua matéria (um grande gato por sinal - Ben Barry, um publicitário, interpretado por Matthew McConaughey).
O Diabo Veste Prada é um exemplo que não poderia faltar. A recém-formada e inocente jornalista Andy Sachs (Anne Hathaway) consegue um emprego numa importante revista de moda, a Runway Magazine, que é comandada pela arrogante megera Miranda Priestly (Meryl Streep) que é uma das grandes damas da moda mundial. Andy entra no emprego sem nenhum interesse ou noção sobre moda e, com o tempo, ganha roupas luxuosas e caríssimas, aprende a usá-las e se doa tanto para o trabalho (quase é escravizada como secretária da Miranda) que abala seu namoro com o belo Nate (Adrian Grenier). Numa viagem a trabalho Andy, agora belíssima e diva, tem um caso com o também belíssimo e galante Christian Thompson (Simon Baker). Apesar de todo o glamour que alcança, a protagonista acaba tendo conclusões inesperadas e fica sozinha.
A nova minissérie da Rede Globo, A Vida Alheia, mostra o dia-a-dia de uma revista de fofoca (homônima da série). Nessa história fictícia, Alberta Peçanha (Cláudia Jimenez) é a editora-chefe do tablóide e dirige firmemente a revista. A jornalista é conhecida por fazer de tudo (absurdamente) para conseguir um furo e é apelidada de Peçonha tamanha a sua falta de pudor para conseguir uma matéria. Apesar de não ser tão bonita quanto às demais personagens citadas, a repórter é mega poderosa e rica. Catarina Faissol (Marília Pêra) é a poderosa dona da publicação e se mostra uma verdadeira “chefona”. Outra personagem marcante é a ambiciosa repórter Manuela (Danielle Winits) que se espelha em Alberta Peçanha e se apresenta linda e sensual enquanto realiza seus trabalhos de jornalista.
          Esses foram apenas exemplos em que, é claro, há elementos que são parecidos na realidade no trabalho jornalístico, porém, há também muitos elesmentos exagerados... As jornalistas são retratadas como pessoas que ganham relativamente bem, são chics, poderosas, independentes, modernas, tem vidas amorosas e sociais agitadas, trabalham no que gostam, se envolvem diretamente (às vezes emocionalmente ou sexualmente...) com seu trabalho e conseguem o que querem.
          Convenhamos que usar disfarce para escrever uma coluna sobre algo que não envolva risco de vida para ninguém é extremamente antiético... Mas não julguemos tanto, afinal, são apenas histórias ficcionais.
          Agora algo que me ocorre, freqüentemente, é o que pensam as pessoas que não tem relação com essa profissão? Será que acreditam que ser jornalista envolve realmente esse tipo de vida? Será que quem ingressa no jornalismo imagina que terá esse tipo de vida? Em caso positivo, que ilusão (ou não, há que se ter esperança, não é mesmo?!)...
          Se com meu futuro salário de jornalista eu conseguir pelo menos um sapato usado por Carrie Bradshaw ou Andy Sachs, se conseguir ir a alguma festa badalada como as de Jenna Rink e Andie Anderson, e conseguir me manter sexy e atraente, mesmo com a idade e o cansaço como boa parte das personagens citadas me dou por satisfeita. Agora, se pra isso, eu tiver que me disfarçar e me infiltrar para escrever uma matéria que não envolva risco de descoberta de crime ou de morte (ou outra circunstância que exija o disfarce) ou se eu tiver que me envolver com alguém ou usar métodos incorretos para conseguir um furo, eu caio fora. Afinal, na ficção tudo é permitido, aqui, na vida real, é preciso sonhar, mas deixando os pés no chão.
          Agora devemos notar que quase todas essas jornalistas fictícias de sucesso se matam de trabalhar e, por causa disso, às vezes destroem lindas histórias de amor em suas próprias vidas ou até se tornam pessoas piores. Então, meninas e aspirantes a jornalistas ou outra profissão, lutem muito pra chegar onde vocês querem, mas não deixe que só isso seja importante em sua vida, não se deixem perder tesouros mais valiosos por causa disso. Aprendam, saibam ser boas profissionais e boas pessoas (para você e para os outros) ao mesmo tempo.



21 de mar. de 2010

Vamos viver a vida...


Hoje comparecei a uma palestra, na UnB, sobre 60 anos de televisão brasileira. O palestrante era o professor José Marques de Melo que estuda televisão há muito tempo e telenovelas e, Rede Globo foram temas em que ele se aprofundou. Falando sobre a atual novela das 9h, da emissora Globo, ele afirmou que Viver a Vida é a novela da traição: “todas as relações dessa novela envolvem traição. E vira um troca, troca de parceiros. Começando pelo José Mayer”.
          Mesmo já tendo assistido a essa novela algumas vezes, eu não tinha reparado nisso. Na primeira semana de Viver a Vida, todo mundo estava falando da novela (afinal, era a novidade do momento) e da sua abertura (bem simplória, por assim dizer, com uma musiquinha e umas linhas coloridas que faziam movimentos). Apesar de ter acompanhado até razoavelmente a Caminho das Índias e estar num clima meio novela, nem me dei ao trabalho de ligar a TV no horário após o Jornal Nacional por um bom tempo. Só na 3ª semana de trama é que fui ver como é que era.
          É claro, que numa novela de Manuel Carlos, não podia faltar uma Helena, dessa vez interpretada por Taís Araújo, que não gostei nenhum pouco. Ah... E os outros personagens: vi a Luciana (Aline Morais) como uma chatinha, que tinha uma irmã má e uma boa (a má detestável, por sinal); o Marcos (José Mayer) é um velho metido a gostoso; e aqueles gêmeos (Mateus Solano) aff... Achei todos dois muito sem graça. E no final de cada capítulo da novela, no estilo Páginas da Vida (essa eu acompanhei), tem uma pessoa dando um relato de vida.
          A questão é que, em se tratando de novela da Globo (ainda mais a do horário nobre), mesmo que você não a assista, você fica sabendo o que está acontecendo pelo tanto de comerciais exibidos na emissora, o tanto de gente falando sobre a história e o tanto de sites e revistas que abordam os últimos capítulos exibidos. Então, eu sei, mesmo assistindo muito pouco, o que está acontecendo com os personagens principais.
          E tenho que concordar com o professor e dizer que é mesmo a novela da traição. O Marcos deixou a Tereza – que é velha – pra ficar com a Helena e agora teve esse rolo da Dora e os dois já estão se separando. A Luciana trocou de gêmeo com que namora. E até outros personagens secundários, dos quais nem sei o nome, também vivem na berlinda da traição, do medo de ser traído ou do medo de ser pego traindo: desconfianças no geral.
          Onde está o ideal romântico da fidelidade a um único parceiro? É claro que em todas as novelas que já acompanhei, sempre existiu algum caso de traição. Mas acontece que, em Viver a Vida, a traição é generalizada. Será que nenhum dos casais principais conseguiria ficar com uma pessoa só? Não dava pra trama ser boa se todos não acabassem insatisfeitos com suas relações e partissem pra outra?
          Uma novela de grande repercussão nacional, como é qualquer novela das 9h desse canal, devia pregar ideais mais bonitinhos. É assim que vejo, pelo menos. Tanta gente já é tão desiludida com o amor, e se na novela principal todos os amores, ou maioria, não dão certo, aí é mais um desestímulo a esse sentimento.
          Isso pode ser um apelo para que quem esteja escrevendo a trama, inclusive o autor, para que façam os casais darem mais certo e, assim, parem de desiludir o público. A novela tem que trazer pelo menos um pouco de esperança aos românticos, já que ao viver a vida, a vida não costuma trazer tanta esperança assim, fora os que têm muita sorte.

Beijos
Detalhe: eu não escrevo e nem falo só sobre novela, produzi esse texto aproveitando a onda de falar delas aqui no Polyanas que comecei com o post sobre Malhação

23 de fev. de 2010

O que aconteceu com Malhação?


                    Malhação começou em uma academia, como sugere o nome, abordando o judô, as artes marciais, depois o vôlei e o tênis, então a academia foi demolida e aí Malhação virou um programinha e não uma novela, apresentado pelo Mocotó. Daí eis que surge Múltipla Escolha – o colégio que acompanharia longos anos da trama. Sempre tendo um casal protagonista de mocinhos e alguns vilões. E a cada ano, novos rostinhos bonitos apareciam para fazer sucesso e preencher os corações adolescentes com tramas e romances, às vezes, apimentados... Mas é claro, que para fazer pelo menos algum sentido, alguns atores tinham que se manter na passagem de uma temporada a outra para o público não se perder. Ou seja, mais cedo ou mais tarde, todos os personagens acabariam caindo fora de cena.
          Alguns dos artistas, revelados em Malhação, cresceram na carreira e hoje fazem muito sucesso (com direito a novela das 8), mas outros, menos talentosos (ou com menos contatos, ou com menor disposição para fazer qualquer coisa pelo sucesso, ou menos bonitos... ) caíram em completo esquecimento (ou no máximo são garotos propaganda de marcas pequenas).
          No meu tempo de criança, minha mãe e as mães das minhas amigas proibiam a gente de assistir a Malhação porque era “cheia de indecência”. Mas até parece que isso impedia alguma coisa... Assistíamos à Sessão da Tarde só esperando a Malhação, e o horário das 17h00 era sagrado. Com o tempo, acho que a Globo percebeu que muita criança assistia à novelinha (ou deve ter recebido reclamações de pais sobre o horário da novela vespertina e o seu conteúdo) e começou a tirar cada vez mais as cenas de indecência do ar – que eram as mais legais... – extinguindo a academia da trama.
          Os anos passaram, e mudava-se o cenário, ou o esporte da moda em cena (judô, skate, basquete, etc.), ou tema (corrupção, gravidez na adolescência, etc.) ou as novidade da temporada (formação de bandas – Vagabanda; inclusão de internato, lanchonete, participação de crianças, etc.). Durante alguns anos foi mantida a história de que o mocinho e a mocinha se conheciam e se apaixonavam no início da temporada, porém por causa dos vilões que queriam separá-los ou por outras questões, viviam com problemas e só conseguiam ficar juntos mesmo no fim do ano. E no meio de tudo isso, os vilões costumavam fazer sabotagens para separar o casal ou incriminar um deles (que só conseguiria provar que é inocente no fim do ano também). Apesar de acabar sendo meio repetitiva, a série teen agradava (mesmo com atores de mais de 25 anos interpretando garotinhos do colegial), e vários personagens se tornaram inesquecíveis até hoje.
          Mas eis que de repente, as coisas começam a mudar demais, e pra pior... A começar que a temporada do “Múltipla Escolha – Ernesto Ribeiro” (da Angelina e do Gustavo) já não foi das melhores, mas havia bons personagens como a Débora (super vilã, arquiinimiga da mocinha), a Yasmim (“oh fubazada; Jesus me chicoteie”), e a Domingas (apesar de exagerada). Mas estava até legal, até esse ponto. Quando veio a temporada seguinte (da Marina e do Luciano) que incluiu um Shopping no roteiro... Aí o trem desandou de vez. Ô temporada sofrível. A partir daí tudo só piorou e piorou.
          E pra deixar o nível da coisa ruim no submundo, o Múltipla Escolha foi fechado, surgiu o Colégio Nova Opção e a novela virou Malhação ID (Identidade – mas pra que diabos, esse identidade depois do nome eu nunca entendi...). Já assistiu a algum episódio atual? Ô coisinha chata, irritante e mais falsa do que o habitual e suportável. E as atuações? Como será que foram os testes pra contratar os atores? “Ah! Você é bonitinho, tá dentro! Ah você é feinho, tá dentro também!”. E o roteiro? Que lixo. E uma coisa há que se notar: em todas as Malhações, as falas sempre foram porcas. Até parece que os adolescentes do ensino médio iam falar daquele jeito...
          Confesso que Malhação é uma futilidade, mas era uma futilidade com um pouquinho de encanto até alguns anos atrás. Era um passatempo a que estávamos acostumados; mas  agora? Nem querendo assistir eu consigo. A graça acabou, a magia teen teve fim e a fórmula do sucesso de tantos anos se perdeu. E uma vez a coisa desandada não tem mais volta: por mais que a Globo implante novidade em cima de novidade a cada ano, Malhação agora é ruim.
          Esse é um adeus definitivo de uma fiel fã de Malhação. A novelinha que me encantava, em nome ainda está no ar, mas a Malhação da minha infância e adolescência já acabou. Malhação fazia meninos e meninas adoradores do mesmo programa, era a novela das nossas memórias e paixões.


Beijosmeliga

15 de jan. de 2010

Breve abertura

          Finalmente o Polyanas nasceu!
          Depois de muitas conversas maldosas, comentários e críticas, decidimos criar nosso próprio blog de assuntos femininos ou não.
          Ainda não sei bem qual o rumo que esse espaço irá tomar.Vamos esperar para ver. Mas fica a dica que com autoras como Ana Paula Lisboa, Juliana Espanhol e Bárbara Cabral, a leitura será digna (de uma boa perda de tempo).
          E o nome?
          Então, o nome veio do lado obscuro de uma de nossas autoras: Ana Paula, que tem dupla personalidade e fica indecisa diante da macabra Polyana.
          A Ana é uma menina séria e estudiosa, daquelas que você olha e pensa "certinha". Porém, só quem a conhece verdadeiramente sabe que Aninha possui a ironia e a maldade habitual de uma jornalista da Tititi.
          Apesar de acabar de descobrir que Polyana vem do latim e significa doce e terna, concordamos que este nome tem aparência forte e crítica escondida atrás da meiguice traiçoeira.
          Um pouco de sarcasmo espanhol, crítica anal e ambiguidade bárbara não farão mal a ninguém.