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21 de mar. de 2010

Vamos viver a vida...


Hoje comparecei a uma palestra, na UnB, sobre 60 anos de televisão brasileira. O palestrante era o professor José Marques de Melo que estuda televisão há muito tempo e telenovelas e, Rede Globo foram temas em que ele se aprofundou. Falando sobre a atual novela das 9h, da emissora Globo, ele afirmou que Viver a Vida é a novela da traição: “todas as relações dessa novela envolvem traição. E vira um troca, troca de parceiros. Começando pelo José Mayer”.
          Mesmo já tendo assistido a essa novela algumas vezes, eu não tinha reparado nisso. Na primeira semana de Viver a Vida, todo mundo estava falando da novela (afinal, era a novidade do momento) e da sua abertura (bem simplória, por assim dizer, com uma musiquinha e umas linhas coloridas que faziam movimentos). Apesar de ter acompanhado até razoavelmente a Caminho das Índias e estar num clima meio novela, nem me dei ao trabalho de ligar a TV no horário após o Jornal Nacional por um bom tempo. Só na 3ª semana de trama é que fui ver como é que era.
          É claro, que numa novela de Manuel Carlos, não podia faltar uma Helena, dessa vez interpretada por Taís Araújo, que não gostei nenhum pouco. Ah... E os outros personagens: vi a Luciana (Aline Morais) como uma chatinha, que tinha uma irmã má e uma boa (a má detestável, por sinal); o Marcos (José Mayer) é um velho metido a gostoso; e aqueles gêmeos (Mateus Solano) aff... Achei todos dois muito sem graça. E no final de cada capítulo da novela, no estilo Páginas da Vida (essa eu acompanhei), tem uma pessoa dando um relato de vida.
          A questão é que, em se tratando de novela da Globo (ainda mais a do horário nobre), mesmo que você não a assista, você fica sabendo o que está acontecendo pelo tanto de comerciais exibidos na emissora, o tanto de gente falando sobre a história e o tanto de sites e revistas que abordam os últimos capítulos exibidos. Então, eu sei, mesmo assistindo muito pouco, o que está acontecendo com os personagens principais.
          E tenho que concordar com o professor e dizer que é mesmo a novela da traição. O Marcos deixou a Tereza – que é velha – pra ficar com a Helena e agora teve esse rolo da Dora e os dois já estão se separando. A Luciana trocou de gêmeo com que namora. E até outros personagens secundários, dos quais nem sei o nome, também vivem na berlinda da traição, do medo de ser traído ou do medo de ser pego traindo: desconfianças no geral.
          Onde está o ideal romântico da fidelidade a um único parceiro? É claro que em todas as novelas que já acompanhei, sempre existiu algum caso de traição. Mas acontece que, em Viver a Vida, a traição é generalizada. Será que nenhum dos casais principais conseguiria ficar com uma pessoa só? Não dava pra trama ser boa se todos não acabassem insatisfeitos com suas relações e partissem pra outra?
          Uma novela de grande repercussão nacional, como é qualquer novela das 9h desse canal, devia pregar ideais mais bonitinhos. É assim que vejo, pelo menos. Tanta gente já é tão desiludida com o amor, e se na novela principal todos os amores, ou maioria, não dão certo, aí é mais um desestímulo a esse sentimento.
          Isso pode ser um apelo para que quem esteja escrevendo a trama, inclusive o autor, para que façam os casais darem mais certo e, assim, parem de desiludir o público. A novela tem que trazer pelo menos um pouco de esperança aos românticos, já que ao viver a vida, a vida não costuma trazer tanta esperança assim, fora os que têm muita sorte.

Beijos
Detalhe: eu não escrevo e nem falo só sobre novela, produzi esse texto aproveitando a onda de falar delas aqui no Polyanas que comecei com o post sobre Malhação

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